Barreno, Maria Isabel - Livros Proibidos

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https://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/LivrosQueForamNoticia/LivrosQueForamNoticia_NovasCartasPortuguesas7.htm

  • Isabel Barreno (1939-2016)
Maria Isabel Barreno de Faria Martins nasceu em Lisboa, licenciada em Ciências Histórico-Filosóficas, publicou mais de duas dezenas de livros, entre romances, contos e investigação que foram sempre marcados pela defesa dos direitos das mulheres. Recebeu diversas distinções, entre as quais o Prémio Fernando Namora, o Prémio Camilo Castelo Branco e o Prémio Pen Club Português de Ficção. Em 2004 foi condecorada  pelo Presidente da República como Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique. Os seus romances foram sempre marcados pela defesa dos direitos das mulheres.

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Maria Isabel Barreno, uma das ‘três Marias’, que desafiou escrever num tempo em que a liberdade faltava. Desafiou a ditadura com um manifesto contra todas as formas de opressão, tornando-se um símbolo da luta pela liberdade, igualdade e direitos da mulher.
  • Livro proibido - Novas Cartas Portuguesas de Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta, Maria Velho da Costa
Foi em Lisboa, em Maio de 1971, que Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa desafiaram a ditadura e decidiram escrever um livro a seis mãos, intitulado Novas Cartas Portuguesas. Abordando temas proibidos e censurados durante o Estado Novo, como a guerra colonial, o adultério, a violação, o aborto e a subordinação da mulher.Em Abril de 1972, o livro é publicado pela Estúdios Cor, sob a direção literária de Natália Correia. Três dias depois, o livro é proibido pelo regime, que o considerou pornográfico e contrário à moral e aos bons costumes.[1]
  • Excerto 1 - Lido por Samuel B. 12.º ano.
Deixemos as freiras, que não são caso único. Que mulher não é freira, oferecida, abnegada, sem vida sua, afastada do mundo? Qual a mudança, na vida das mulheres, ao longo dos séculos? No tempo de tia Mariana as mulheres bordavam ou teciam ou fiavam ou cozinhavam, sujeitavam-se aos direitos de seus maridos, engravidavam, tinham abortos ou faziam-nos, tinham filhos, nados-mortos, nados-vivos, tratavam dos filhos, morriam de parto às vezes, em suas casas, (…). O que mudou na vida das mulheres? Já não tecem, já não fiam, (…).
  • Excerto 2
Conto-vos, entretanto, a história da Mãe dos Animais, mito de uma tribo de índios da América do Norte – e que paixões nostálgicas e sem remédio terão inventado os índios nas suas reservas, morrendo aos poucos, e os seus poços de petróleo, às vezes, e seus fatos usados pelos hippies, e sua paixão agressiva, agora, na prisão de Alcatraz. – Mãe dos Animais foi a mulher abandonada pela sua tribo, que se dispunha a fazer uma migração difícil, na altura em que ela paria; a mulher ficou para sempre errando nos bosques, ensanguentada e medonha, Mãe dos Animais, protegendo-os dos caçadores; e o caçador que a veja, com o susto, tem uma erecção, e a Mãe dos Animais viola então o caçador, concedendo-lhe a seguir um sucesso infalível na caça.
Compraz-se Mariana com o seu corpo.
O hábito despido, na cadeira, resvala para o chão onde as meias à pressa tiradas, parecem mais grossas e mais brancas.
As pernas, brandas e macias, de início estiradas sobre a cama, soerguem-se levemente, entreabertas, hesitantes; mas já os joelhos se levantam e os calcanhares se vincam nos lençóis; já os rins se arqueiam no gemido que aos poucos se tornará contínuo, entrecortado, retomado pelo silêncio da cela, bebido pela boca que o espera.
(…)Devagar, meu amor, devagar o nosso orgasmo que contornas ou eu contorno com a língua. Devagar te perco de súbito, te esqueço, não senso tudo mais que uma enorme vaga de vertigem. A paz voltou-lhe ao corpo distendido, todavia, como sempre, pronto a reacender-se, caso queira, com o corpo, Mariana se comprazer ainda.

Para saber mais:
https://observador.pt/2016/09/03/morreu-maria-isabel-barreno-uma-das-tres-marias/

http://livro.dglab.gov.pt/sites/DGLB/Portugues/autores/Paginas/PesquisaAutores1.aspx?AutorId=9716

Nota: O livro Novas Cartas Portuguesas costuma estar catalogado com a notação CDU de "821.134.3-6", que indica obras de literatura portuguesa escritas em prosa epistolar. É pois uma obra de ficção, mas aborda com muita realidade e muita crítica social a opressão das mulheres na sociedade portuguesa. Assim nesta wiki optamos por colocar está página nas categorias de Romance e de Não ficção.


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