Veleda, Maria

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  • Maria Veleda

Maria Veleda é o pseudónimo de Maria Carolina Frederico Crispim.
Faro, 26/02/1871 - 08/04/1955.

Escritora. Poetisa. Prosadora. Professora. Jornalista. Ativista republicana e feminista. Pioneira na luta pela educação das crianças e dos direitos das mulheres.Patrona da Escola Básica Maria Veleda, do Agrupamento de Escolas José Afonso, em Loures.


  • Texto de Maria Veleda

in blogue culturafamalicao:

“Pobres éramos, pobres ficámos e pobres somos, mas nas nossas almas arde sempre a mesma chama sacrossanta que nos iluminava quando gritámos pela primeira vez: Viva a República! Porque acima da Morte que me espera, está o ideal que me norteia. Sim. Viva a República.”

  • Poema de Maria Veleda de 1931

in blogue projetoteclar.:

Penso que hei-de morrer, ai... brevemente
Pois da velhice pesam-me os invernos;
Que hei-de ascender aos gozos sempiternos,
Aos pés de Deus, magnânimo e clemente.

Em plena luz vivendo alegremente,
Do mundo esquecerei negros infernos,
Meus cânticos soltando, ledos, ternos,
Num poema de Amor, efervescente.

Mas quem há-de amparar-vos, ó meus filhos??
Seguir-vos na aspereza destes trilhos??
Incutir-vos coragem p’ra viver??

Tendes outros afectos... sei-o bem!
Mas não tendes, não tendes outra Mãe...
- Então choro... com pena de morrer!...


  • Notas biográficas

Maria Veleda é o pseudónimo de Maria Carolina Frederico Crispim, nasceu em Faro. Foi escritora de poesia e prosa, professora, jornalista, ativista feminista e republicana, pioneira na luta pela educação das crianças e dos direitos das mulheres. Em 1906, aderiu ao Livre-Pensamento e foi iniciada na Maçonaria, na Loja Humanidade, com o nome simbólico de Angústias, integrando a comissão organizadora do 1.º Congresso do Livre Pensamento, juntamente com José França, Augusto José Vieira, Lourenço Correia Gomes e Francisco Teixeira, e foi uma das fundadoras do Grupo Português dos Estudos Feministas. Com o advento da República a 5 de Outubro de 1910, as feministas republicanas que militavam na Liga Republicana das Mulheres Portuguesas julgaram que havia chegado o momento de apresentarem as suas reivindicações ao novo regime político, contudo esta situação veio a criar divergências no seio do movimento, sobretudo entre Maria Veleda e a dirigente Ana de Castro Osório. Esta última defendia que o direito ao voto apenas para as mulheres que pagassem impostos, fossem maiores de idade e pertencessem à elite intelectual, tendo portanto que ser instruídas. Maria Veleda acreditava que este facto restringia o direito ao voto feminino e assim agravava a situação de desigualdade existente entre as mulheres portuguesas, argumentando que a maioria não teria sequer a oportunidade de aceder à instrução ou à educação de modo a ter autonomia económica ou a sua total emancipação da tutela masculina. Para ela, se se reconhecia às mulheres o direito de voto, era uma incoerência reclamá-lo só para aquelas que pagassem impostos ou fossem consideradas intelectuais. «Seria uma injustiça negar a algumas um direito que é de todas. As mulheres, ricas ou pobres, intelectuais ou analfabetas, devem poder votar em igualdade de circunstâncias com os homens». Na sua opinião, devia pedir-se "tudo" e se não dessem "tudo", não se aceitaria "nada".[9] Devido à crispação das duas facções, em 1911, Ana de Castro Osório demitiu-se da LRMP e Maria Veleda tomou o seu lugar, passando a presidir à organização, com o apoio de uma larga maioria, e a dirigir o periódico A Madrugada. Nesse ano, criou ainda dentro do movimento o Grupo das Treze[10], constituído simbolicamente por treze mulheres que pretendiam combater a ignorância e as superstições, o obscurantismo, o dogmatismo religioso e o conservadorismo que afectavam a sociedade portuguesa e impediam a emancipação das mulheres e o progresso humano.

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  • Bibliografia

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  • Veja mais sobre Maria Veleda nos seguintes links:

- https://pt.wikipedia.org/wiki/Maria_Veleda

- 2011 - No blogue Cultura Famalicao O artigo de Maria VeledaA Propósito, publicado no jornal “A Vanguarda” em 9 de Fevereiro de 1908, a seguir ao regicídio, que esgotou duas edições do mesmo jornal, valeu a Maria Veleda um processo-crime por abuso de liberdade de imprensa, valendo-lhe as suas correligionárias da Liga Republicana das Mulheres Portuguesas, e testemunhando a seu favor personalidades como António José de Almeida, João Chagas, Manuel de Arriaga ou Ana de castro Osório, entre outras."

- Post do facebook da Câmara Municipal de Lisboa do qual reproduzimos: "Em 1890, aos 19 anos, adota uma criança de 14 meses, Luís Frederico Viegas, órfão de mãe. A esta criança vem juntar-se o seu filho biológico, Cândido Guerreiro Xavier da Franca, fruto da paixão pelo poeta Cândido Guerreiro, também algarvio, com quem Maria Veleda recusou o casamento, por considerar que o amor não era suficientemente correspondido. Casamento por conveniência – nunca! Ao recusar, Maria Veleda tem consciência das dificuldades que iria enfrentar como mãe solteira, numa sociedade marcada pelo preconceito e pela ideia da inferioridade da mulher".

Página do Centro de Documentação e Arquivo Feminista Elina Guimarães da qual destacamos: - 2011 - "Em 1908 criou cursos nocturnos e conferências educativas nos Centros Republicanos Afonso Costa, António José de Almeida e Botto Machado, para instruir e educar as mulheres, preparando-as para exercerem uma profissão e participarem na vida social e política. Entre 1911 e 1915, como dirigente da Liga Republicana, empenhou-se na luta pelo sufrágio feminino, escrevendo, discursando, fazendo petições e chefiando delegações e representações aos órgãos de soberania".

- Artigo no blogue Cultura Famalicão com informação relevante sobre Maria Veleda da qual salientamos: "Filha da classe média algarvia, o pai, João Diogo Frederico Crispim, desempenhou cargos de relevo no município de Faro e foi director da Sociedade Teatral da mesma cidade, enquanto que a mãe, Carlota Perpétua da Cruz Crispim, pertencia à burguesia proprietária local. Desta forma, seria influenciada Maria Veleda pelo teatro, sonhando desde sempre com a pretensão de escrever peças de teatro com personagens femininas, participando, aos sete anos de idade, no Teatro Lethes, na peça “Lenço Branco”. Começa a colaborar, a partir dos dezanove anos, na imprensa algarvia e alentejana, caso dos jornais “O Distrito de Faro”, “Pequeno em Tudo”, “O Almanaque Braz de Alportel”, “O Repórter”, “O Algarve”, “O Alentejo, “A Tarde”, “O Cruzeiro do Sul", etc"

- Blogue do Museu Municipal de Espinho onde se pode ler a biografia de Maria Veleda do qual transcrevemos o seguinte excerto: Professora primária de profissão foi, ainda, militante do movimento feminista e republicano, desenvolvendo o pendor de livre-pensadora e espiritualista.No ano de 1905, instalou-se em Lisboa, começando, nesta altura, a despertar o interesse por assuntos políticos, por isso, a sua literatura passou a ter nova feição, e a colaborar com jornais republicanos. Iniciou-se na maçonaria em 1907, na Loja Humanidade, com o nome simbólico Angústia. Foi cofundadora do Grupo Português de Estudos Feministas, onde exerceu o cargo de Presidente. Criou e ministrou cursos nocturnos no Centro Republicano Afonso Costa, assim como, nos Centros Republicanos António José de Almeida e Boto Machado. Em 1909, foi nomeada Vicepresidente da Direcção do Centro Escolar Fernão Boto Machado tornando-se sócia-fundadora da Liga Republicana das Mulheres Portuguesas e, por iniciativa própria, fundou a Obra Maternal, exercendo, em simultâneo, o cargo de Directora e professora.