Ricardo, Honorato Pisco

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Honorato Pisco Ricardofoto.jpg

  • Honorato Pisco Ricardo

Conceição de Faro 22/12/1935 - Faro 08/04/2002

Professor. Personalidade relevante da vida cultural local e regional,nomeadamente da Fuzeta e da Conceição de Faro, destacando-se no ensino, na poesia, no jornalismo e nos jogos florais. Frequentou o ensino preparatório na Escola Técnica Elementar Serpa Pinto, indo depois para o Curso Geral de Administração e Comércio na Escola Industrial e Comercial de Faro.  
  • PREFÁCIO
    (In: No Tempo da Mana Anica - Usos e Costumes da Minha Terra de Maria José Fraqueza)

PREFÁCIO

A Escola Básica 2, 3/S Dr. João Lúcio, ... na sua função pedagógica e altamente meritória de promover a cultura entre as populações do meio onde exerce a sua actividade, dirigiu convite para que se escrevesse um livro cuja publicação patrocinaria e que motivasse os amantes das letras.
Indo ao encontro desta nobre missão, porque também ela professora, Maria José Fraqueza, a grande poetisa fusetense, aceitou o convite e entregou-se, com paixão, à obra agora presente. Retrata um passado, não distante, das gentes da Fuseta, com motivos que despertam o maior interesse.
Cabe-me ao prefaciar o Livro, dizer dele o resultado de uma apreciação criteriosa e sincera, faço-o de boa vontade e com alegria, porque contactar com este passado recente da Fuseta, de que alguns fusetenses, com mais idade recordam, é reviver o brilhante património cultural e humano desta linda vila, onde me radiquei e desde sempre aprendi a amar.
No Tempo da Mana Anica é o título sugestivo do Livro de Contos referido. Por ele perpassam a nostalgia e a saudade dos belos tempos em que decorre a sua acção. Misto de lenda e da história, os factos aí narrados dão-nos a vivência da época com todo o brilho e colorido porque a autora apresenta cada episódio e cada capítulo com muita leveza e autenticidade. Usa uma linguagem clara e real que nos aproxima desse passado: «Fóquim no braço e botas rangedêras regressam ao mar» diz, referindo-se aos bravos pescadores da Fuseta.
A autora estruturou a sua obra dividindo-a em seis capítulos que são outros tantos episódios onde fala na gente do mar, dos seus usos e dos seus costumes. Nunca perdeu de vista a unidade da obra nessa figura mítica e emblemática criada na imaginação popular - a Mana Anica.
Em quadros arrancados à própria vida e num estudo aprofundado que faria inveja à Antropologia, a autora refere: «mulheres fazendo malha», «mulheres fazendo empreita, ...os cântaros à cabeça», «a caiadeira», «o aguadeiro» e outros mais. Refere as figuras típicas da época e anota lugares e episódios que a história não pode esquecer: «o poço», «o olheiro», «as cadeiras de tábua», «as pragas», «os moínhos de maré». Diversidade e riqueza que só a leitura nos pode dar:
Obra pedagógica que se enquadra nos programas escolares da Área Escola, o seu conteúdo permite um vasto campo de pesquisas e apresenta o Povo da Fuseta com um humanismo evidente. A parte histórica e séria, que não foi esquecida, dá o querer das gentes desta terra e personifica, de forma notável a Fuseta. As notas explicativas, que a autora apresenta, no final da obra, tornam-se necessárias à compreensão do evoluir das populações fusetenses: «O burguel», «Os olheiros», «As golpelhas», são marcos da história desta terra e tão caras a quem demandava a longínqua Terra Nova na procura do «fiel amigo».
É nesta matriz cultural que nos encontramos, enquanto memória colectiva de um povo que procurou no mar a razão da sua existência. A autora utilizou uma linguagem em desuso, marcadamente de sabor popular, porque, intencionalmente, nos quis aproximar dos ambiente e vivências de outra época.
Obra de estudo e de reflexão, numa abordagem social que engloba um riquíssimo quadro de valores humanos, prima por aspectos essencialmente descritivos, mas não deixa de parte belos aspectos narrados onde as personagens são elementos do povo, essa Anica.
Maria José Fraqueza, a autora dos contos No tempo da Mana Anica tem-nos dado alguns livros de poesia ena quase totalidade, dedicados à sua terra. É no seguimento dos seus poemas, onde revela o muito amor pela Fuseta e pelas suas gentes, que escreve o Livro que agora vai publicar,em colaboração com a Escola onde trabalha. É um livro de prosa, de afirmação, da história e da lenda do seu povo. De mensagem clara: amar a terra e amar as suas gentes. E fá-lo, duma forma simples, para as recordar, para as sentir, palpitantes de vida. E põe na boca das personagens as falas de outrora, a forma como se exprimiam. É como se estivessem vivas, como se o tempo tivesse parado.
E recorda a sua Escola, brilhante pólo de desenvolvimento cultural. Recorda-a na sua dedicatória e quase introdução: "A Escola é uma alavanca, capaz de elevar o mundo». É uma crente fervorosa e cheia de esperança, desse desenvolvimento à sua volta. E dá o seu contributo de forma abnrgada e generosamente.
As ilustrações enquadram-se, perfeitamente, no conteúdo e na mensagem da obra deixada pela autora. Revelam sensibilidade e poder criativo. Também elas retratam a Fuseta e à dimensão do seu passado.Outro produto feliz da Escola Dr: João Lúcio nas pessoas dos seus alunos.
A leitura é atraente e sugestiva.Aos interessados leitores cabe a escolha. A certeza é a de que os contos de No Tempo da Mana Anica nos transportam a um passado recriado e vivido nestas páginas de Maria José Fraqueza.
Fuseta, 24.5.94

  • Notas Biográficas

Recordando o Prof. Honorato Pisco Ricardo, uma figura ilustre da cultura da Fuzeta “GENTE DA NOSSA TERRA” seleccionou um fuzetense que já partiu, que foi Honorato Pisco Ricardo, uma personalidade relevante da vida cultural da Fuzeta no domínio da cultura local e regional que faleceu no Hospital Distrital de Faro no dia 8 de Abril de 2002.
O professor Honorato Ricardo destacou-se essencialmente no ensino, na poesia, no jornalismo e nos jogos florais. Foi uma respeitada figura da cultura da Fuzeta. Onde conquistou muita simpatia e a estima desta população e dos que foram seus alunos, quer na Escola Primária, quer na Telescola da Fuzeta que, juntamente com o Rev. Padre Américo foi seu fundador.
Honorato Pisco Ricardo, nasceu na Conceição de Faro no dia 22 de Dezembro de 1935. Filho de João Ricardo e de Maria José Pisco. Foi casado com D. Felisbela Ricardo já falecida. Frequentou o ensino preparatório na Escola Técnica Elementar Serpa Pinto, indo depois para o Curso Geral de Administração e Comércio na Escola Industrial e Comercial de Faro. Após o fim de curso em 1953, frequentou a Secção Preparatória e de seguida inscreveu-se na Escola do Magistério Primário de Faro onde terminou o curso de professor primário no ano de 1958.
Foi durante alguns anos professor na Escola do Ensino Primário da Fuzeta. No ano de 1960, incorporou-se na designada Telescola da Fuzeta, sendo seu criador juntamente com o Padre Américo. Foi grande o trabalho que ambos realizaram na execução deste ensino na Fuzeta, o que permitiu que a maior parte dos jovens, oriundos de classes modestas prosseguissem com os seus estudos e conseguissem atingir os seus objectivos no domínio das suas carreiras de ensino ou profissionais.
Após a sua licenciatura em História, em 30 de Junho de 1986, Honorato Ricardo começou a leccionar na Escola Básica 2,3 e Secundária Dr. João Lúcio, Escola Básica Dr. Alberto Iria de Olhão, Escola Básica 2,3 José Carlos da Maia de Olhão.
Já com o estatuto de reformado continuou até aos últimos dias da sua vida a dar aulas no Colégio Algarve de Faro.
Colaborou no jornal Diário de Noticias e em diversos jornais regionais nomeadamente: Jornal "O Olhanense",Jornal “Brisas do Sul”, Correio Meridional, Jornal Notícias de S. Brás, Distrito de Faro, Folha de Domingo, Gazeta de Salir, A Voz de Quarteira, Jornal de Lagoa, etc.
Foi cerca de 11 anos responsável pelos Jogos Florais de Nossa Senhora do Carmo da Fuzeta, abdicando das suas funções em 1987. Foi convidado a coadjuvar em processos de avaliação, como elemento do Júri de concursos literários.
Escreveu prefácios de livros de poesia e prosa e diversas letras musicais. Foi ainda um dos sócios e fundador daAssociação dos Jornalistas e Escritores do Algarve, exerceu ainda funções dos órgãos sociais do Clube Recreativo Fuzetense e pertenceu em algumas comissões de festas em honra de Nossa Senhora do Carmo.
Resta-me dizer que Honorato Ricardo, era uma figura exemplar tolerante, cheio de muita bondade e um grande amigo da Fuzeta que não devemos esquecer.
In:- Luis Viegas Os Amigos da Fuzeta Gente da Nossa Terra

  • Pode saber mais sobre Honorato Pisco Ricardo nos seguintes links:

- No Blogue "Os Amigos da Aldeia" pode ler mais alguns dados biográficos sobre Honorato Ricardo.