Difference between revisions of "Pinto, Fernando Esteves"

From Wikipédia de Autores Algarvios
Jump to: navigation, search
 
(One intermediate revision by the same user not shown)
Line 6: Line 6:
  
 
<br />
 
<br />
'''Em Esfoço de Investigação''' ([https://revistaoresteia.com/2021/03/02/1423/ in revistaoresteia.com])
+
*'''Em Esfoço de Investigação''' ([https://revistaoresteia.com/2021/03/02/1423/ in revistaoresteia.com])
 
<br />
 
<br />
 
Sentes o mais longo tempo da tua vida numa só palavra.<br />
 
Sentes o mais longo tempo da tua vida numa só palavra.<br />
Line 20: Line 20:
 
na sua noção clássica de iludir.<br />
 
na sua noção clássica de iludir.<br />
 
<br />
 
<br />
'''Deuses da Psicologia''' ([https://revistaoresteia.com/2021/03/02/1423/ in revistaoresteia.com])
+
*'''Deuses da Psicologia''' ([https://revistaoresteia.com/2021/03/02/1423/ in revistaoresteia.com])
 
<br />
 
<br />
 
Aos deuses da psicologia devemos-lhes a serenidade<br />
 
Aos deuses da psicologia devemos-lhes a serenidade<br />
Line 34: Line 34:
 
<br />
 
<br />
  
 +
 +
*'''''(Ensaio Entre Portas, 1997)'''''<br/>
 +
 +
Ele leva a cidade para casa.<br/>
 +
Entra na sala e aí permanece<br/>
 +
como se estivesse no meio de uma praça.<br/>
 +
Nem o rumor frágil<br/>
 +
nem a essência imperdoável<br/>
 +
o fazem desistir do falso cenário.<br/>
 +
Evita os objectos amados<br/>
 +
e sobre a sua cidade se movimentas<br/>
 +
tão subtil e intermitente<br/>
 +
recolhendo no corpo os sinais<br/>
 +
de uma cumplicidade insubmissa.<br/>
 +
<br/>
 +
As cidades têm as suas palavras,<br/>
 +
os seus caminhos solares,<br/>
 +
a sua fragilidade tranquila.<br/>
 +
A leitura duma cidade é permanente e ágil,<br/>
 +
como um transporte verbal,<br/>
 +
sólido no seu rumor dinâmico,<br/>
 +
entre os blocos residênciais<br/>
 +
e um campo nupcial.<br/>
 +
As cidades são sempre sem regresso,<br/>
 +
em que a inocência inspira<br/>
 +
o abandono circular,<br/>
 +
como se reunisse na sua existência luminosa<br/>
 +
<br/>
 +
a fértil lucidez,<br/>
 +
o nascimento infigurável<br/>
 +
de uma presença harmoniosa,<br/>
 +
tão perfeita na sua insubmissa<br/>
 +
qualidade habitável.<br/>
 +
<br/>
 +
<br/>
  
 
*'''Notas Biográficas'''<br />
 
*'''Notas Biográficas'''<br />

Latest revision as of 13:37, 18 January 2022

Fernando-esteves-pinto.jpg
Fernando Esteves Pinto
Cascais, 1961.

Poeta. Romancista. Editor. Cofundador do projeto literário LÓGOS – Biblioteca do Tempo com a poetisa Adília César.<br /



Sentes o mais longo tempo da tua vida numa só palavra.
Eis o mundo nocturno em esforço de investigação
que em plano mais fechado somente expressa a vida
em profundidades graves e insondáveis.

Escrita que é para ti um peso que se tenta reformular –
e validar, em densidade, o sentido suspenso.

Descobres então que toda a evidência
é um instante de outra realidade que se move
na sua noção clássica de iludir.


Aos deuses da psicologia devemos-lhes a serenidade
as palavras quotidianas que resolvemos escrever
para demolir todas as sombras ou derrotas
e o temível vazio que nos espera na devastada memória.

Assim poderás extrair da escrita a singular leveza
que a luz antecipa, mas também o incerto
movimento do mundo e os seus signos redentores
que turvam o pensamento mais distante
da inocente fala incontida.


  • (Ensaio Entre Portas, 1997)

Ele leva a cidade para casa.
Entra na sala e aí permanece
como se estivesse no meio de uma praça.
Nem o rumor frágil
nem a essência imperdoável
o fazem desistir do falso cenário.
Evita os objectos amados
e sobre a sua cidade se movimentas
tão subtil e intermitente
recolhendo no corpo os sinais
de uma cumplicidade insubmissa.

As cidades têm as suas palavras,
os seus caminhos solares,
a sua fragilidade tranquila.
A leitura duma cidade é permanente e ágil,
como um transporte verbal,
sólido no seu rumor dinâmico,
entre os blocos residênciais
e um campo nupcial.
As cidades são sempre sem regresso,
em que a inocência inspira
o abandono circular,
como se reunisse na sua existência luminosa

a fértil lucidez,
o nascimento infigurável
de uma presença harmoniosa,
tão perfeita na sua insubmissa
qualidade habitável.


  • Notas Biográficas

Nasceu em Cascais em 1961 e reside em Olhão. Colaborou no DN Jovem e no JL. Em 1990 recebeu o Prémio Inasset Revelação de Poesia do Centro Nacional de Cultura. É publicado em Espanha e México por revistas literárias e editores independentes. Em 1998 obteve uma bolsa de criação literária pelo Ministério da Cultura/Instituto Português do Livro e das Bibliotecas. Obteve o Prémio Literário Cidade de Almada – 2016, pelo romance “A Caverna de Deus”.O Prémio Literário Cidade de Almada, instituído pela Câmara Municipal de Almada em 1989, é considerado uma referência nacional na área da literatura e na promoção da criação literária em língua portuguesa. Está representado em várias antologias. Cofundador do Sulscrito – Círculo Literário do Algarve. Co-coordenador do projecto literário Palavra Ibérica e editor da 4águas.Cofundador do projeto literário LÓGOS – Biblioteca do Tempo com a poetisa Adília César

  • Bibliografia


Na Escrita e no Rosto (poesia), Editora Europress
Siete Planos Coreográficos (poesia, edição bilingue), Editora 1900, Huelva
Ensaio Entre Portas (poesia), Editora Almargem
Conversas Terminais (romance), Editora Campo das Letras
Sexo Entre Mentiras (romance), Editora Leiturascom.Net
Sexo Entre Mentiras (tradução espanhola), Editora Baile del Sol – Canárias
Privado (novela, edição bilingue castelhano/português), Editora Canto Escuro
Área Afectada (poesia)
Brutal (romance)
O Tempo que Falta (poesia)
Identidade e Conflito (micro-ensaios);
Dispensar o Vazio (antologia poética);
Património Bukowski (contos e outras estórias)
O Carteiro de Fernando Pessoa (romance)
Humanidade (poesia)
A Caverna de Deus (romance)
Arte Humana (poesia)
LivrosFernandoPinto.JPG

- 2020 -Fernando Esteves Pinto e António José da Costa Neves vencem Prémio Alves Redol. De acordo com o júri, o romance “Um homem parado na esquina do Mundo”, de Fernando Esteves Pinto, “é uma obra muito original que se situa fora dos padrões dominantes da narrativa literária. Recorrendo a uma espécie de personagem fantasmática chamada Senhor Bivou, e através de uma ironia demolidora de dogmas e lugares comuns, a inteligência do autor insinua-se na escrita de um modo singularmente estranho, mas também muito cativante apesar da complexidade entretanto gerada. Detalhes da vida de todos nós são equacionados em paralelo com alguns dos grandes temas da cultura ocidental. A filosofia, ou melhor, a indagação filosófica atravessa o romance, desenhando um tecido complexo de exigências de leitura, mas sem nunca sufocar as possibilidades criativas da própria linguagem. Escrito num registo exemplar de elegância culta, este romance eleva a escrita literária a um patamar qualitativo invulgar.”

- 2017 - Entrevista de Adília César e Fernando Esteves Pinto a Renato Epifânio

- 2017 - Blogue de Adília César / Fernando Esteves Pinto, LÓGOS - Biblioteca do Tempo do qual transcrevemos a "Introdução - LÓGOS enquanto conceito filosófico dá a razão, o sentido humano, o fundamento e o ser de algo, para conhecer, interpretar e criar. Palavra; linguagem; assunto; pensamento; racionalidade; fundamento; causa; valor; argumento; narrativa; razão íntima. Em consonância com estes princípios gerais, pretendemos dar voz ao pensamento crítico e reflectir sobre a experiência literária".

- 2016 - O romance 'A Caverna de Deus', de Fernando Esteves Pinto, foi o vencedor do Prémio Literário Cidade de Almada 2016, que a autarquia refere como "um romance que (...) transporta, através da arte e da literatura, para o âmago das relações humanas" e foi o preferido do júri entre as 61 obras literárias a concurso.

- 2019 - Artigo do Jornal ETCeTAL! sobre o encerramento do Ciclo Literário de "Conversas Úteis" no Museu de Ovar onde o escritor Fernando Esteves Pinto foi o convidado, em dupla com a escritora Adília César, para apresentar o seu novo livro “Arte Humana”.

Ovar-fernando-esteves-pinto.jpg