Difference between revisions of "Passos, Rosalinda"

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'''Rosalinda Dias Passos'''<br />
 
'''Rosalinda Dias Passos'''<br />
Brás de Alportel, 15.01.1880 - Faro, 21.08.1958.<br />
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Brás de Alportel, 15.01.1879- Faro, 21.08.1958.<br />
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filha de Bernardo Rodrigues de Passos e Maria Joaquina Dias
 
Foi a maior (ou a única) escultora algarvia da primeira metade do século XX. <br />
 
Foi a maior (ou a única) escultora algarvia da primeira metade do século XX. <br />
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Reproduziu os bustos dos seus irmãos, bem como, entre outros, o do poeta Cândido Guerreiro] e de Virgínia Passos [1881-1965; pintora]. <br />
 
Poeta. <br />
 
Poeta. <br />
  
 
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* '''Soneto dedicado ao irmão Bernardo''', cedido por sua neta Dr.ª Graça de Passos: <br />
 
 
S. Brás de Alportel, 1880-1958
 
«A minha mãe nasceu a 15 de novembro de 1879, filha de Bernardo Rodrigues de Passos e Maria Joaquina Dias» Ângelo de Passos, Caderno diário 4, 1ª declaração.
 
 
 
Escultora.
 
 
 
Nasceu em S. Brás de Alportel, a 15 de Novembro de 1880 (1979).
 
 
 
Faleceu em Faro, a 21 de Agosto de 1958
 
 
 
Rosalina, ainda que rodeada pelos seus três irmãos superiormente dotados, não revelou, que se saiba, na infância e adolescência para a escultura, em que se viria a afirmar como a maior, se não a única escultora algarvia da primeira metade do século XX.
 
 
 
Talvez a menina fosse especialmente habilidosa na confecção e moldagem de bolinhos de amêndoa ou de massa sovada, onde se poderia adivinhar a sua inclinação. Mas quem é que ligava, ou liga, a essas artes menores?
 
 
 
O que se sabe, dito pela própria, numa entrevista dada a Vítor Melo e editada por Gomes & Rodrigues, Lda, Lisboa, s.d., é que, sendo já casada, «numa noite de luar, quando me aproximei de uma das minhas janelas vi que o luar enchia o infinito e iluminava de tal beleza as chaminés, que me deu a impressão maravilhosa de estar num imenso jardim ornamentado por estátuas. Quanto mais contemplava as chaminés mais via nelas figuras com expressões e atitudes diferentes».
 
 
 
Começou então a modelar em gesso duro cortado a canivete. Uma das primeiras obras terá sido o busto de sua mãe que, na altura, teria cerca de setenta anos.
 
 
 
Sentindo que precisava de aprender, adquiriu alguns livros da especialidade e, nas suas idas a Lisboa procurava ensinamentos junto de escultores conhecidos, o que lhe permitiu passar para a modelação em barro antes de passar as peças ao gesso.
 
 
 
A morte prematura dos irmãos Bernardo e Boaventura, a doença incurável do filho mais velho e, mais tarde, do marido, foram aspectos muito dolorosos que a escultora conseguiu suportar tendo como lenitivo a sua arte.
 
 
 
Rosalina Passos deixou-nos dezenas de obras, algumas em barro que o tempo deteriorou ou mesmo destruiu, outras em gesso que se encontram em casa de descendentes da artista e no Museu Etnográfico do Trajo Algarvio.
 
 
 
Ainda em vida da artista algumas das suas obras estiveram expostas na Sociedade Nacional de Belas Artes, incluindo Angústia, que a escultora ofereceu para as vítimas do ciclone de 15 de Fevereiro de 1941.
 
 
 
Sublinharemos as figuras de presépio em tamanho natural e um busto de mulher numa expressão dolorosa a que chamou Súplica, e que teve como modelo a própria artista, que, na entrevista atrás referida diz:
 
 
 
«Servi-me de um espelho e fui eu mesma o modelo do meu trabalho. Não copio as minhas feições mas a expressão do meu rosto… tive um trabalho extenuante de persistência e principalmente de concentração, para fazer a expressão e as mãos com os dedos entrelaçados em ar de súplica…».
 
 
 
Aos 78 anos de idade faleceu Rosalina de Passos, deixando uma obra ímpar e genial na história da escultura algarvia realizada por mãos femininas.
 
 
 
Algumas fotografias dos seus trabalhos foram reproduzidas na imprensa regional e nacional, tendo merecido referências elogiosas dos periódicos da época.
 
 
 
Rosalina de Passos também fez poesia, que deixou inédita ou dispersa por jornais.
 
 
 
É dedicado ao irmão Bernardo o soneto seguinte, amavelmente cedido por sua neta Dr.ª Graça de Passos:
 
  
 
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Em uma auréola de bondade infinda.<br />
 
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E na minha saudade, que não finda,<br />
 
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Rezo os lindos versos onde é presente<br />
 
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A tua alma de Santo, ternamente<br />
 
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A falar numa voz astral e linda…<br />
 
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Não morreste, não; na região etérea<br />
 
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Teu ‘spírito liberto da matéria<br />
 
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É ritmo e é luz, é perfeição.<br />
 
É ritmo e é luz, é perfeição.<br />
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A vida, asa dorida, é vã quimera,<br />
 
A vida, asa dorida, é vã quimera,<br />
 
E o pranto é lava de uma cratera<br />
 
E o pranto é lava de uma cratera<br />
Enchendo o mundo de negra aflição.<br />
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Enchendo o mundo de negra aflição».<br />
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S. Brás de Alportel, 1880-1958
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*'''Biografia''' <br />
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Rosalina, ainda que rodeada pelos seus três irmãos superiormente dotados, não revelou, que se saiba, na infância e adolescência para a escultura, em que se viria a afirmar como a maior, se não a única escultora algarvia da primeira metade do século XX. <br />Talvez a menina fosse especialmente habilidosa na confecção e moldagem de bolinhos de amêndoa ou de massa sovada, onde se poderia adivinhar a sua inclinação. Mas quem é que ligava, ou liga, a essas artes menores? <br />O que se sabe, dito pela própria, numa entrevista dada a Vítor Melo e editada por Gomes & Rodrigues, Lda, Lisboa, s.d., é que, sendo já casada, «numa noite de luar, quando me aproximei de uma das minhas janelas vi que o luar enchia o infinito e iluminava de tal beleza as chaminés, que me deu a impressão maravilhosa de estar num imenso jardim ornamentado por estátuas. Quanto mais contemplava as chaminés mais via nelas figuras com expressões e atitudes diferentes». <br />Começou então a modelar em gesso duro cortado a canivete. Uma das primeiras obras terá sido o busto de sua mãe que, na altura, teria cerca de setenta anos. <br />Sentindo que precisava de aprender, adquiriu alguns livros da especialidade e, nas suas idas a Lisboa procurava ensinamentos junto de escultores conhecidos, o que lhe permitiu passar para a modelação em barro antes de passar as peças ao gesso. <br />A morte prematura dos irmãos Bernardo e Boaventura, a doença incurável do filho mais velho e, mais tarde, do marido, foram aspectos muito dolorosos que a escultora conseguiu suportar tendo como lenitivo a sua arte. <br />Rosalina Passos deixou-nos dezenas de obras, algumas em barro que o tempo deteriorou ou mesmo destruiu, outras em gesso que se encontram em casa de descendentes da artista e no Museu Etnográfico do Trajo Algarvio. <br />Ainda em vida da artista algumas das suas obras estiveram expostas na Sociedade Nacional de Belas Artes, incluindo Angústia, que a escultora ofereceu para as vítimas do ciclone de 15 de Fevereiro de 1941. <br />Sublinharemos as figuras de presépio em tamanho natural e um busto de mulher numa expressão dolorosa a que chamou Súplica, e que teve como modelo a própria artista, que, na entrevista atrás referida diz: <br />«Servi-me de um espelho e fui eu mesma o modelo do meu trabalho. Não copio as minhas feições mas a expressão do meu rosto… tive um trabalho extenuante de persistência e principalmente de concentração, para fazer a expressão e as mãos com os dedos entrelaçados em ar de súplica…». <br />Aos 78 anos de idade faleceu Rosalina de Passos, deixando uma obra ímpar e genial na história da escultura algarvia realizada por mãos femininas. <br />Algumas fotografias dos seus trabalhos foram reproduzidas na imprensa regional e nacional, tendo merecido referências elogiosas dos periódicos da época. <br />Rosalina de Passos também fez poesia, que deixou inédita ou dispersa por jornais. <br />In: «Quem foi quem?: 200 Algarvios do Século XX / Glória Maria Marreiros.- Lisboa: Edições Colibri, 2000; p. 385-386» <br />In:http://republica-sba.webnode.com.pt/products/rosalina-dias-passos/https://www.triplov.com/passos/rosalina_passos/index.htm
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*Pode saber mais sobre Rosalina Passos nos seguintes links: <br />
  
In: «Quem foi quem?: 200 Algarvios do Século XX / Glória Maria Marreiros.- Lisboa: Edições Colibri, 2000; p. 385-386»
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[https://www.publico.pt/2014/08/22/culturaipsilon/reportagem/salvar-o-corpo-1666794 - 2014 - Projeto de Luísa Soares de Oliveira  intitulado "'''Salvar o corpo''' (Há muito tempo, em São Brás de Alportel, uma dona-de-casa e um engenheiro foram também escultores. Algumas imagens desse trabalho e da obra de Rosalina Passos podem ser vistas aqui).] <br />
  
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[[File:CasaRosalina.JPG|301px]]
In: http://republica-sba.webnode.com.pt/products/rosalina-dias-passos/
 
https://www.triplov.com/passos/rosalina_passos/index.htm
 
  
https://www.publico.pt/2014/08/22/culturaipsilon/reportagem/salvar-o-corpo-1666794
 
 
 
[[Category:Autores]][[Category:Artes Plásticas]][[Category:Escultores]][[Category:Poetas]][[Category:S. Brás de Alportel]]
 
[[Category:Autores]][[Category:Artes Plásticas]][[Category:Escultores]][[Category:Poetas]][[Category:S. Brás de Alportel]]

Latest revision as of 12:40, 15 October 2021

Rosalina Passos.jpg

Rosalinda Dias Passos
Brás de Alportel, 15.01.1879- Faro, 21.08.1958.
filha de Bernardo Rodrigues de Passos e Maria Joaquina Dias Foi a maior (ou a única) escultora algarvia da primeira metade do século XX.
Reproduziu os bustos dos seus irmãos, bem como, entre outros, o do poeta Cândido Guerreiro] e de Virgínia Passos [1881-1965; pintora].
Poeta.

  • Soneto dedicado ao irmão Bernardo, cedido por sua neta Dr.ª Graça de Passos:

Avivo-te na lembrança e vejo ainda
Teus olhos fitarem-me docemente.
Vejo-te agora e sempre, sorridente,
Em uma auréola de bondade infinda.

E na minha saudade, que não finda,
Rezo os lindos versos onde é presente
A tua alma de Santo, ternamente
A falar numa voz astral e linda…

Não morreste, não; na região etérea
Teu ‘spírito liberto da matéria
É ritmo e é luz, é perfeição.

A vida, asa dorida, é vã quimera,
E o pranto é lava de uma cratera
Enchendo o mundo de negra aflição».

S. Brás de Alportel, 1880-1958

  • Biografia
Rosalina, ainda que rodeada pelos seus três irmãos superiormente dotados, não revelou, que se saiba, na infância e adolescência para a escultura, em que se viria a afirmar como a maior, se não a única escultora algarvia da primeira metade do século XX. 
Talvez a menina fosse especialmente habilidosa na confecção e moldagem de bolinhos de amêndoa ou de massa sovada, onde se poderia adivinhar a sua inclinação. Mas quem é que ligava, ou liga, a essas artes menores?
O que se sabe, dito pela própria, numa entrevista dada a Vítor Melo e editada por Gomes & Rodrigues, Lda, Lisboa, s.d., é que, sendo já casada, «numa noite de luar, quando me aproximei de uma das minhas janelas vi que o luar enchia o infinito e iluminava de tal beleza as chaminés, que me deu a impressão maravilhosa de estar num imenso jardim ornamentado por estátuas. Quanto mais contemplava as chaminés mais via nelas figuras com expressões e atitudes diferentes».
Começou então a modelar em gesso duro cortado a canivete. Uma das primeiras obras terá sido o busto de sua mãe que, na altura, teria cerca de setenta anos.
Sentindo que precisava de aprender, adquiriu alguns livros da especialidade e, nas suas idas a Lisboa procurava ensinamentos junto de escultores conhecidos, o que lhe permitiu passar para a modelação em barro antes de passar as peças ao gesso.
A morte prematura dos irmãos Bernardo e Boaventura, a doença incurável do filho mais velho e, mais tarde, do marido, foram aspectos muito dolorosos que a escultora conseguiu suportar tendo como lenitivo a sua arte.
Rosalina Passos deixou-nos dezenas de obras, algumas em barro que o tempo deteriorou ou mesmo destruiu, outras em gesso que se encontram em casa de descendentes da artista e no Museu Etnográfico do Trajo Algarvio.
Ainda em vida da artista algumas das suas obras estiveram expostas na Sociedade Nacional de Belas Artes, incluindo Angústia, que a escultora ofereceu para as vítimas do ciclone de 15 de Fevereiro de 1941.
Sublinharemos as figuras de presépio em tamanho natural e um busto de mulher numa expressão dolorosa a que chamou Súplica, e que teve como modelo a própria artista, que, na entrevista atrás referida diz:
«Servi-me de um espelho e fui eu mesma o modelo do meu trabalho. Não copio as minhas feições mas a expressão do meu rosto… tive um trabalho extenuante de persistência e principalmente de concentração, para fazer a expressão e as mãos com os dedos entrelaçados em ar de súplica…».
Aos 78 anos de idade faleceu Rosalina de Passos, deixando uma obra ímpar e genial na história da escultura algarvia realizada por mãos femininas.
Algumas fotografias dos seus trabalhos foram reproduzidas na imprensa regional e nacional, tendo merecido referências elogiosas dos periódicos da época.
Rosalina de Passos também fez poesia, que deixou inédita ou dispersa por jornais.
In: «Quem foi quem?: 200 Algarvios do Século XX / Glória Maria Marreiros.- Lisboa: Edições Colibri, 2000; p. 385-386»
In:http://republica-sba.webnode.com.pt/products/rosalina-dias-passos/https://www.triplov.com/passos/rosalina_passos/index.htm
  • Pode saber mais sobre Rosalina Passos nos seguintes links:

- 2014 - Projeto de Luísa Soares de Oliveira intitulado "Salvar o corpo (Há muito tempo, em São Brás de Alportel, uma dona-de-casa e um engenheiro foram também escultores. Algumas imagens desse trabalho e da obra de Rosalina Passos podem ser vistas aqui).

CasaRosalina.JPG