Difference between revisions of "Neto, Teodomiro"

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Teodomirofoto.jpg Teodomiro Aliança.jpg

  • Teodomiro Neto

S. Bartolomeu de Messines, 1938

Professor, jornalista, historiador, dramaturgo, ensaísta. Doutorado em “História Política Europeia”

"LES MISÉRABLES"

Iniciei a minha leitura na obra universal que o escritor francês, Victor Hugo publicou a 3 de Abril de 1862. Eu era um garoto que havia feito o meu exame primário, pouco mais de dez anos, quando o meu avô-padrinho me levou à leitura desse admirável romance. Lembro, no seu dizer : "Vem cá. Já sabes ler, já és um "homem". Dito numa alegria. Fomos ao lugar de guardar o que não devia estar à vista. Num baú, cerrado, estava a sua "biblioteca", coberta de roupa. Retirou um grosso livro. Levou-me para uma pequena divisão, a que se dizia ser "sala". Eu olhei o livro, assustado, pelo tamanho e pela capa de coiro. "Abre", disse-me, acrescentando : "É um tesouro... Lendo-o, fará de ti um homem". Eu fiquei no futuro, por um tempo de leitura. No entanto, não me foi difícil entender "Les Misérables". A minha primeira cartilha, para entender o que viriam a ser os miseráveis do meu país e do mundo. Eu era já um jovem, na puberdade, que lia uma plêiade de escritores proibidos : "Os capitães d ´Areia", de Jorge Amado, entre outros. Mas " Os Miseráveis", de Hugo, foi o livro que me marcou, uma obra do século XIX, um livro avassalador, classificado de obra "romântica"... Mas há que aprender, lendo, entendendo, ouvindo, se diz que o mundo tem duas partes. Temos ! Metade dele pertence em riqueza, somente a 26 milionários, que são meio-mundo. A outra parte, a enorme e de milhares de milhões, os que a produzem para os tais 26 do meio mundo. Esses, alcunham-se de...nada. Victor Hugo deixou-nos "Les Misérables", os do nada, sendo os produtores do tudo que não é seu ... Já o nosso João de Deus, tão bem o entendo...nesse tempo, que também foi o do francês, nesse tempo, nesse século inicial da modernidade política. Era o tempo da mudança cívica e humana, em que Luís I, de Portugal, dá o início de respeito pelo ser humano, proibindo a "PENA DE MORTE", em Portugal. Tenho que ligar o João, o educador de Portugal, a esse Victor de França, nessa "conversa " de tão poucos a receber tudo, e de tantos a receber NADA...Quando o humanista francês faleceu, (filho de um general do império)em 1885. João de Deus dedicou-lhe, na sua admiração pelo autor imenso e, sobretudo de "OS MISÉRABLES", as suas palavras :"VICTOR HUGO / Corre a nação aflita / A ver se ele está morto/ Quem sabe ?/ O mundo absorto/ Espera a decisão/Que as multidões se assomem/ Que apalpem, tudo hesita /Porque era aquilo, um homem/ Um simples homem? / Não !
"Les Misérables", quanto Mundo admira essa figura imortal, como o nosso João, que pouco mais iria viver. Que um pequeno mundo recebe o exagerado, e o que o maior mundo produz...todos sabemos que tem de mudar.

  • Memórias Breves – Quando António Aleixo passou por Messines

O MEU TEMPO de conhecer o Filósofo do Povo: Poeta António Aleixo, na minha Terra – MESSINES. Foi num dia de Feira da Senhora da Saúde. Era o dia do meu aniversário, ainda muito menino. Meu Pai um homem que gostava das desgarradas e boémio suficiente, lá me levou à taberna do Galinha, ali perto das casas dos meus avós. Lembro, rua do Cemitério. Perto da taberna do Galinha, assim chamado. Minha Mãe, dizia-me que era o dia dos meus anos, vai ver onde está o Pai. E logo informa: Vai à taberna do Galinha ou do Abóbora, ou do Estravanca ou da Ti Joaquina Borges. Decidi ir à taberna, perto da casa dos meus avós paternos: do Galinha. Lá estavam os do costume, o Madeira, os que não me lembro. E o meu pai, que não faltou. Lá estava um homem alto e magro a dedilhar guitarra: era o Poeta Aleixo. Ficamos a saber que o Poeta do Povo estava tuberculoso, assim se afirmava, em verdade. Nesse dia de Feira, chamada da Senhora da Saúde, ficou na memória do garoto, que eu era, para uma “Eternidade”, a Imagem desse Homem magro e alto. Recordo, que nesse tempo, ouvia dizer, que os e as Messinenses, ou seja, uma parte da população da terra, estava em “fraquezas”, era a maldita doença. Não admira. A 2.ª grande guerra deixava a fome e o mal, nas casas dos pobres, e, ainda a doença do bacilo (bacilu), um caminho para a tuberculose, pela míngua da alimentação e falta dela nas casas, mesmo dos trabalhadores. Era o tempo da engorda dos comerciantes e dos senhores das fazendas. in: http://www.terraruiva.pt/2021/11/10/memorias-breves-36-quando-antonio-aleixo-passou-por-messines/

  • Notas Biográficas

Em 1954 veio para Faro completar os estudos, onde trabalhava de dia e estudava de noite. Em 1958, começou a colaborar no semanário “O Algarve” como publicista. Também colaborou com o "Correio do Sul", "O Jornal do Algarve"," O Diário de Notícias", "O Barlavento", "O Jornal de Letras", "O Olhanense" , "Terra Ruíva", "Folha de Domingo". Foi essa colaboração nos jornais que o tornou um alvo da polícia política do Estado Novo. Em 1962 foi para França. Culturalmente foi um novo mundo que conheceu, pois a Europa e nomeadamente a França eram o centro das novas ideias. Trabalhou em diversas áreas em várias cidades da Europa e no Norte de África . Nos contactos profissionais e de amizade estabelecidos teve oportunidade de privar com personalidades como o poeta Pablo Neruda, as irmãs Beauvoir, o comediante e encenador Jean Dasté ou os pintores Pablo Picasso e Carlos Porfírio." Segundo as palavras do jornalista e diretor do jornal "Folha de Domingo" Samuel Mendonça: "Em França desenvolveu atividade literária e jornalística, escrevendo para os jornais “La Gazette de Genéve”, “L’Espoir” e “Aujourd’hui”. Publicou, também em língua francesa, os seus primeiros livros: “Les Noces de Manolo”, “La Nuit de Marie Dumas”, “Poèmes de Marbre” e a biografia de “Jules
Em 1974 regressou a Portugal, instalou-se em Faro mas continuou a sua vida profissional entre esta cidade e Saint-Etienne. Em Portugal dedicou-se à investigação, ao jornalismo e à encenação de várias das suas obras dramáticas.
Colabora em diversos órgãos de imprensa: “O Algarve”, “Correio do Sul”, “Jornal do Algarve”, “Folha de Domingo”, “Barlavento”, “Olhanense”, “Diário de Notícias” e “Terra Ruiva”.
In: Estas informações encontram-se no artigo "Teodomiro Cabrita Neto com placa toponímica em Messines" no Jornal "Terra Ruiva"

Teodomiro-rua.jpg

  • Bibliografia:

Em Francês
“Les Noces de Manolo”
“La Nuit de Marie Dumas”
“Poèmes de Marbre”
Biografia de “Jules Massenet”.

Em Português

“O Último Concerto de Maria Campina” (1988)
“Carlos Porfírio na pintura contemporânea algarvia” (1992)
“Café Aliança – Sua História – Suas Fotografias” (1995) (reeditado em 2008 no centenário daquele espaço de forma mais completa com o título “Café Aliança – 1908-2008 – Um século de história da cidade”).
“Faro no Verbo Amar” (1998)
“Teatro na História do Algarve” (2007)
“Faro: Romana, Árabe e Cristã” (2009)
“O Futurismo Oficializou-se em Faro com o Heraldo” (2010)
“As tentações de Maria Lua” (2011)
“Cidade Monumental” (2012)
.

Peças Dramáticas

“La Nuit de Marie Dumas” (1970)
“Appassionata”
“Penedo Grande”
“Vitória das Amendoeiras”
“O Processo do Guerrilheiro” (1999 e reposição em 2006)
LivrosTeodomiro.JPG

Prémios

Prémio Nacional do Teatro
Prémio de Imprensa Samuel Gacon
Prémio Infante D. Henrique
Prémio Internacional de Imprensa
Prix Antoine Guichard.
Em 1993 foi agraciado pela Câmara de Faro com a Medalha de Mérito – Grau Ouro
A Junta de Freguesia de São Bartolomeu de Messines distinguiu-o em 2009, juntamente com outras 22 personalidades, na exposição “Notáveis Messinenses: Vivências e Contributos”.


  • Mais informações e acesso às suas obras podem ser encontradas no seu site:

https://teodomironeto.wixsite.com/teodomiro-neto

https://padlet.com/wikialgarve2022/Bookmarks Neste link pode ler-se o texto do autor sobre o monumento ao pintor Lyster Franco.

https://jornaldoalgarve.pt/?s=Teodomiro+Neto+ Neste link podem ler-se várias crónicas de Teodomiro Neto No Jornal "O Algarve"