Difference between revisions of "Gomes, Elviro Rocha"

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(Publicado por José Luz (Constância) como "Exemplo desses versos cómicos? João Villaret  leu na TV o poema «Vou de coche», de Elviro, que repesquei do blog de um seu sobrinho. Mas também há os poemas críticos que não perdem a sua actualidade…"Exemplo desses versos cómicos?)<br />
 
(Publicado por José Luz (Constância) como "Exemplo desses versos cómicos? João Villaret  leu na TV o poema «Vou de coche», de Elviro, que repesquei do blog de um seu sobrinho. Mas também há os poemas críticos que não perdem a sua actualidade…"Exemplo desses versos cómicos?)<br />
  
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Tosquiaram a ovelha.<br />
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Ó garça que me acompanhas<br />
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Só tens um grande defeito<br />
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Ó garça não tenhas medo<br />
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que ninguém te fará mal<br />
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E mais não digo p´ra que ele<br />
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https://imagenscompoemas.blogspot.com/2010/
 
Ovelha tosquiada
 
 
Tosquiaram a ovelha.
 
Parece uma velha.
 
Tão lisa e tão fria
 
parece uma rã.
 
Umas mãos hábeis
 
roubaram-lhe o garbo
 
tirando-lhe a lã.
 
Assim ficou nua
 
no meio do prado.
 
Anda vaidade
 
passeando na rua
 
com lã que era sua.
 
E ela anda nua.
 
 
Elviro Rocha Gomes
 
(poeta popular - Faro)
 
 
Garça Real
 
 
Ó garça que agora moras
 
Na mesma casa que eu
 
onde estou eu também tu
 
consideras tudo teu
 
 
Ó garça que voas alto
 
e entre as nuvens perpassas
 
lá em cima é só passeio
 
ou alguma coisa caças?
 
 
Ó garça que me acompanhas
 
em horas de solidão
 
és tão meiga como um gato
 
e tão fiel como um cão
 
 
Só tens um grande defeito
 
és muito desconfiada
 
quando vem alguém a casa
 
ficas logo desconfiada
 
 
Ó garça não tenhas medo
 
que ninguém te fará mal
 
desejam é fazer festas
 
à minha garça real
 
  
por agora aqui termino
 
este meu canto corrido
 
E mais não digo p´ra que ele
 
não seja muito comprido.
 
  
Elviro Rocha Gomes
 
Poeta popular
 
  
  

Revision as of 11:33, 24 September 2021

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Elviro Augusto da Rocha Gomes.

Poeta e ensaísta.
Nasceu em Constância em 28 de Outubro de 1918 e faleceu em Faro, em Agosto de 2009.
Licenciado em Filologia Germânica pela Universidade de Coimbra, foi professor em Coimbra, no Liceu Camões, em Lisboa, e nos liceus do Funchal, Viana do Castelo e Faro, onde finalmente se fixou.
Foi director do Círculo Cultural do Algarve, sucedendo a Joaquim Magalhães (seu fundador).
Em 1990 foi-lhe atribuída a Medalha de Mérito, Grau Ouro, pelo Município de Faro, pelos serviços prestados nas áreas da educação e da cultura.

  • «Octopa, octopa!

Mónica canhoto,
mulher prazenteira,
era já velhinha
mãe trabalhadeira.

Sendo testemunha,
segundo se diz
lá no tribunal
disse-lhe o juiz:

-Em que é que se ocupa
Diga lá, mulher!
E então prontamente
pôs-se a responder:

-Ai, octopa octopa!
Que ofício esquisito!
(lhe diz o juiz)
Deve ser bonito!

Quê? Octopa? Octopa?
Em que é que trabalha?
Vai ela, explicou:
-Ó que topa! Ó calha.»

Publicado em "O Século", na rubrica "Pim, pam pum"
In Elviro Rocha Gomes – Octopa – Edição de Autor – Faro – 1983. Desc. 85 pág / 21 cm x 15 cm / Br. – Edição 500 exemplares – «Com Autografo»

  • «Os enganadores»

Agora os que nos mentem
e dizem que não mentem
os do conto do vigário,
os de lindas falas que induzem em erro
e os oráculos de Delfos
que eram vozes de pessoas escondidas:
a esses o desprezo.
Digam todos comigo:
Abaixo a exploração da boa fé!»

(Publicado por José Luz (Constância) como "Exemplo desses versos cómicos? João Villaret leu na TV o poema «Vou de coche», de Elviro, que repesquei do blog de um seu sobrinho. Mas também há os poemas críticos que não perdem a sua actualidade…"Exemplo desses versos cómicos?)

  • Ovelha tosquiada


Tosquiaram a ovelha.
Parece uma velha.
Tão lisa e tão fria
parece uma rã.
Umas mãos hábeis
roubaram-lhe o garbo
tirando-lhe a lã.
Assim ficou nua
no meio do prado.
Anda vaidade
passeando na rua
com lã que era sua.
E ela anda nua.


  • Garça Real


Ó garça que agora moras
Na mesma casa que eu
onde estou eu também tu
consideras tudo teu

Ó garça que voas alto
e entre as nuvens perpassas
lá em cima é só passeio
ou alguma coisa caças?

Ó garça que me acompanhas
em horas de solidão
és tão meiga como um gato
e tão fiel como um cão

Só tens um grande defeito
és muito desconfiada
quando vem alguém a casa
ficas logo desconfiada

Ó garça não tenhas medo
que ninguém te fará mal
desejam é fazer festas
à minha garça real

por agora aqui termino
este meu canto corrido
E mais não digo p´ra que ele
não seja muito comprido.

Poemas retirados do blogue [1]

  • Biografia
Elviro da Rocha Gomes, ilustre constanciense, poeta, escritor, tradutor e publicista, é reconhecido como responsável pela divulgação no nosso país de poetas de língua alemã.
Elviro Augusto da Rocha Gomes nasceu em Constância em 28 de Outubro de 1918 e faleceu em Faro, em Agosto de 2009. Era filho de Isidoro da Silva Gomes (escritor e autor de «Ímpetos Naturais» sobre Constância) e de Georgina Rocha, filha do marítimo João Rocha, a qual terá falecido aos 36 anos de idade, em Macedo de Cavaleiros.
Escreveu para jornais e revistas, realçando-se: “Diário do Norte”, “Aurora do Lima”, “Gazeta do Sul”, “Algarve Ilustrado” e “O Algarve”, entre outros. Segundo o Jornal «Região Sul,(...) Elviro [Rocha] Gomes marcou, «pela sua forma diferente de ensinar, gerações de alunos que passaram pelo Liceu de Faro». (...) De acordo com o mesmo órgão de imprensa, «Elviro publicou dezenas de obras de poesia, boa parte com ilustrações de capa de Vicente de Brito e de José Maria Oliveira, sempre em edições de autor, que pontualmente oferecia a amigos, com a devida dedicatória".
In:https://porabrantes.blogs.sapo.pt/para-um-roteiro-literario-de-constancia-6010967


  • Bibliografia

Ensaio

A alma nos grandes romances de Hermann Stehr, (1943)
Albert Scheweizer (1957)
O que eles disseram de Portugal, (1960)
Vulpes Fabulosa (1960)
Astros com luz própria (1961)
Goethe (1962)
A rosa na poesia (1962)
Aves poéticas (1963)
Apontamentos de literatura alemã (1966)
Dificuldade de pensamento (1968)
Impressões sobre poetas (1972)
A ilha de Man (1973)
Luz e lume na obra de Teixeira Gomes (1980)
Hitler (1981)
O riso de Fialho d’Almeida (1981)
A crítica social na obra de Assis Esperança (1981)
Enredando enredos (1982).

Poesia

Deixaste cair uma rosa (1955)
Rua Longa (1956) José (1958)
O longe e o perto (1960)
O sul do meu país (1960)
Helen Keller (1961)
Entre parêntesis (1961)
Bom tom (1963)
Desenhos de alma (1964)
Aceitar (1965)
Sorridente (1968)
Com licença (1969)
O dia do pai (1969)
A bruxa (1973)
25 de Abril (1974)
Entender (1987)
Ilusão (1988)
Tréguas (2000)

Ficção em prosa

Libelinha (1962)
Nem sempre' (1967)
Nel (1971).

Teatro

Crueldade (1959)
Leopoldo Salvaterra (1959)

Estudos linguísticos

Glossário sucinto para compreender Emiliano da Costa (1956)
Glossário sucinto para compreender Aquilino Ribeiro (s.d.)
Como falam os alemães (1974)
Mostra a tua língua (1982).

Traduções

Em Prosa

Educação e ensino nas escolas secundárias alemães (1943)
A aranha negra, de Jeremias Gotthelf (s.d.)
Um íntimo furor, de Kamala Markandaya (s.d.)v

em verso
Ramo de flores exóticas (1959)
Poetas que a guerra emudeceu (1964)

Inéditos

Henrique Verde (romance de Gottfried Keller -tradução)
O jardim sem estações do ano (contos orientais de Max Dauthendey, (tradução)
O candeeiro (Comédia)




  • Para saber mais sobre o Professor Elviro Rocha Gomes pode consultar os seguintes links:

-2010 - homenagem do neto João Naylor com o título "O meu avô Elviro" onde recorda alguns episódios da sua vida em comum

-2010 - Blogue de homenagem do filho Jaime Gomes para divulgação da sua obra. Segundo as suas palavras "Este é um blogue em memória do meu pai, Elviro Augusto Rocha Gomes, poeta e escritor. Aqueles que quiserem adicionar poemas ou excertos de textos da autoria do meu pai, serão bem vindos. Muitos são versos cómicos, com uma inocência e candura que espelham a personalidade única do autor, que adorava “entreter”. Mas também há os poemas sentidos, que nos fazem sonhar e os poemas críticos às injustiças do mundo que nos fazem pensar."
-- Blogue de Eduardo Graça com um apontamento pessoal sobre Elviro Rocha Gomes, onde se recorda a sua posição antifascista

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