Difference between revisions of "Horta, Maria Teresa - Livros Proibidos"

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nem tento ferida  
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nem uso a raiva
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como um alfange
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VIOLÊNCIA
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em mim parto
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Não vou negar meu amor<br />
silêncio
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que não te afasto<br />
com tantos quartos fechados
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e evito<br />
 
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Anoitece e desguarneço
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nem que vacilo<br />
despeço aquilo que
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e resisto<br />
faço
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a negar-me ao teu encontro<br />
 
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que  construo e que desisto<br />
Ó semelhança firmeza
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mulher doente de afagos
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Meu amigo<br />
Minha Senhora de Mim, Maria Teresa Horta
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e meu amado<br />
 
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emigrante do que eu sinto<br />
 
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POEMA SOBRE O ENREDO<br />
 
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Enredada estou de mim<br />
 
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nesta febre em que me vejo<br />
 
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já que enredada de ti<br />
 
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não se cura o meu desejo<br />
 
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que nem me pus de curar<br />
EMIGRANTE
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este fogo do teu corpo<br />
 
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nem me pus de enganar<br />
Não vou negar meu amor
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esta sede que provoco<br />
que não te afasto
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e evito
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pois logo desenredada<br />
 
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eu sei que me enredaria<br />
nem que vacilo
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neste vício de enredar<br />
e resisto
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o meu espasmo em teu orgasmo<br />
a negar-me ao teu encontro
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por sua vez enredado na branda rede dos dias<br />
que  construo e que desisto
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'''AMARGURA'''<br />
Meu amigo
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e meu amado
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Vem amargura teu peito<br />
emigrante do que eu sinto
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balaustrada nos meus<br />
Minha Senhora de Mim, Maria Teresa Horta
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dedos<br />
 
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Vem noite com seus enfeites<br />
 
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a penetrar-te os<br />
 
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cabelos<br />
 
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<br />
 
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Vem dor guiada na boca<br />
 
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em direcção<br />
 
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dos teus ombros<br />
 
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marinheiro de teu corpo<br />
 
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a conduzir o meu gozo<br />
 
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POEMA SOBRE O ENREDO
 
 
 
Enredada estou de mim
 
nesta febre em que me vejo
 
já que enredada de ti
 
não se cura o meu desejo
 
 
 
que nem me pus de curar
 
este fogo do teu corpo
 
nem me pus de enganar
 
esta sede que provoco
 
 
 
pois logo desenredada
 
eu sei que me enredaria
 
neste vício de enredar
 
o meu espasmo em teu orgasmo
 
por sua vez enredado na branda rede dos dias
 
Minha Senhora de Mim, Maria Teresa Horta
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AMARGURA
 
 
 
Vem amargura teu peito
 
balaustrada nos meus
 
dedos
 
 
 
Vem noite com seus enfeites
 
a penetrar-te os
 
cabelos
 
 
 
Vem dor guiada na boca
 
em direcção
 
dos teus ombros
 
 
 
marinheiro de teu corpo
 
a conduzir o meu gozo
 
Minha Senhora de Mim, Maria Teresa Horta
 

Revision as of 16:51, 8 February 2024

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https://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/LivrosQueForamNoticia/LivrosQueForamNoticia_NovasCartasPortuguesas7.htm

Minha Senhora de Mim, Maria Teresa Horta
PONTO DE HONRA

Não sou escrava
de lamento
nem tento ferida
de enfeite

nem uso a raiva
que tenho
como um alfange
no peito

Não talho o sangue
nas pedras

nem uso palavras
de ódio

e não quero anéis
de aceite
para enfeitar os meus olhos

MINHA SENHORA DE MIM

Comigo me desavim
minha senhora
de mim

sem ser dor ou ser cansaço
nem o corpo que disfarço

Comigo me desavim
minha senhora
de mim

nunca dizendo comigo
o amigo nos meus braços

Comigo me desavim
minha senhora
de mim

recusando o que é desfeito
no interior do meu peito

VIOLÊNCIA

Ó secreta violência
dos meus sentidos domados

em mim parto
e em mim esqueço

senhora de meu
silêncio
com tantos quartos fechados

Anoitece e desguarneço
despeço aquilo que
faço

Ó semelhança firmeza
mulher doente de afagos

EMIGRANTE

Não vou negar meu amor
que não te afasto
e evito

nem que vacilo
e resisto
a negar-me ao teu encontro
que construo e que desisto

Meu amigo
e meu amado
emigrante do que eu sinto

POEMA SOBRE O ENREDO

Enredada estou de mim
nesta febre em que me vejo
já que enredada de ti
não se cura o meu desejo

que nem me pus de curar
este fogo do teu corpo
nem me pus de enganar
esta sede que provoco

pois logo desenredada
eu sei que me enredaria
neste vício de enredar
o meu espasmo em teu orgasmo
por sua vez enredado na branda rede dos dias

AMARGURA

Vem amargura teu peito
balaustrada nos meus
dedos

Vem noite com seus enfeites
a penetrar-te os
cabelos

Vem dor guiada na boca
em direcção
dos teus ombros

marinheiro de teu corpo
a conduzir o meu gozo